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Fundadores

Humberto d'Ávila (1922-2006)

Sócio-Fundador n.º 1

Natural do Montijo, cultivou desde cedo o gosto pela música, iniciando a actividade de crítico da especialidade no jornal O Século, em cujas páginas também se destacou como cronista de teatro. Fez inúmeras apresentações e conferências por ocasião das primeiras temporadas de concertos da Juventude Musical Portuguesa (JMP), nomeadamente no Instituto Italiano e no Salão de Festas de O Século. Fundador e director do Círculo de Cinema, e director dos Companheiros do Pátio das Comédias, foi inspector e, mais tarde, director do extinto Instituto Português do Património Cultural, onde criou um Departamento de Musicologia, graças ao qual alguns importantes espólios documentais e artísticos foram preservados. Cultor enérgico do espírito associativo, a sua acção neste capítulo mostrou-se particularmente relevante ao ligar o seu nome à fundação da JMP e a instituições como a Associação Portuguesa de Educação Musical, o Conselho Português da Música e a Fundação Musical dos Amigos das Crianças, de todas havendo pertencido aos respectivos corpos sociais. Como literato, deixou obra multifacetada, que se reparte pelo teatro declamado (várias peças, entre as quais Teia de Mentiras), pela intervenção (Para Quando Festivais de Arte em Portugal? – 1957) e pela musicografia (Lambertini e a Odisseia do Museu Instrumental – 1984, Malhoa e a Música do seu Tempo – 1986 e Almeida Mota, Compositor Português em Espanha – 1996), sem esquecer os muitos artigos que redigiu para dicionários, enciclopédias, jornais e revistas como a Seara Nova, O Globo, Mundo Literário e Diário de Notícias. À data da sua morte, Humberto d’Ávila tinha o grau de comendador da Ordem do Infante Dom Henrique.

Joly Braga Santos (1924-1988)

Sócio-Fundador n.º 2

Nascido em Lisboa, aos seis anos de idade iniciou os seus estudos de violino e aos dez os de composição. Nesta última disciplina viria a ser discípulo de Luís de Freitas Branco, com quem aprendeu particularmente após ter abandonado o Conservatório, em 1945, antes de concluir o respectivo curso. A sua carreira de compositor começou com uma série de melodias sobre poemas de Camões, Antero de Quental e Fernando Pessoa, cedo vindo a distinguir-se como sinfonista ao escrever, entre 1946 e 1966, cinco sinfonias, a quarta das quais dedicada à Juventude Musical Portuguesa. Pelo meio, frequentou cursos de regência de orquestra ministrados por Hermann Sherchen, Alceo Galiera e Antonino Votto e aperfeiçoou-se em composição, em Roma, com Virgilio Mortari (1959-60). Em 1955 foi nomeado maestro adjunto da Orquestra Sinfónica do Conservatório do Porto, ao mesmo tempo que integrava o Gabinete de Estudos Musicais da Emissora Nacional. Para além da sua actividade de compositor, que nunca interrompeu até à data do seu falecimento, leccionou ainda no Conservatório Nacional de Lisboa e foi maestro adjunto da Orquestra Sinfónica da Emissora Nacional, além de conferencista, articulista e crítico musical em jornais e revistas como a Arte Musical, Átomo, Boletim da JMP, Diário da Manhã, Ler e Diário de Notícias. O seu catálogo, a par de concertos e de obras de câmara, inclui, entre outros títulos, Elegia para Viana da Mota (1949), a ópera radiofónica Viver ou Morrer (1952), sob libreto de João de Freitas Branco, as óperas Mérope (1959) e Trilogia das Barcas (1970), um Requiem (1964) e Ode à Música (1965).


Maria Elvira Barroso

Sócia-Fundadora n.º 3

Natural de Lisboa, cursou piano no Conservatório Nacional na classe de António Duarte da Costa Reis. Posteriormente, aperfeiçoou os seus conhecimentos naquele instrumento junto de Jorge Croner de Vasconcelos. Fez-se ouvir em concerto, acompanhada pela Orquestra Sinfónica da Emissora Nacional, e, a solo, no Conservatório do Porto, Instituto Italiano de Cultura, Sociedade Nacional de Música de Câmara, «Sonata», Academia de Amadores de Música, Emissora Nacional, Juventude Musical Portuguesa e Politeama. Gravou em 1962 para a etiqueta «Arquivos Sonoros Portugueses» Duas Sonatinas Recuperadas, de Fernando Lopes Graça, disco que se encontra hoje completamente esgotado.

António Nuno Barreiros (1928-2001)

Sócio-Fundador n.º 4

Musicógrafo, crítico e profissional de Rádio, nasceu em Castendo (actual Penalva do Castelo). Fez estudos de composição, instrumentação, estética e história da música com Luís de Freitas Branco, de quem se tornou incondicional seguidor. Em 1959, ingressou como assistente musical na antiga Emissora Nacional, ali havendo ocupado sucessivamente os cargos de realizador, chefe do sector de música erudita, chefe de programas nacionais e director do Programa 2. Foi crítico musical permanente do Diário Ilustrado, do Diário de Lisboa e do Jornal do Comércio, além de colaborador assíduo noutros periódicos como a Gazeta Musical, Vértice, Boletim da Juventude Musical Portuguesa, Diário de Notícias, O Século e Comércio do Porto. Além de vasta produção escrita, de que se destacam ainda os artigos que escreveu para a Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, proferiu inúmeras conferências e palestras sobre música e músicos portugueses.

Filipe de Sousa Júnior (1927-2006)

Sócio-Fundador n.º 5

Nascido em Lourenço Marques, capital da nossa antiga colónia de Moçambique, diplomou-se em piano e composição no Conservatório Nacional de Lisboa, nas classes de Abreu e Mota e de Jorge Croner de Vasconcelos, ao mesmo tempo que se licenciava em Filologia Clássica pela Faculdade de Letras de Lisboa. Depois de uma intensa actividade pianística, especialmente virada para a execução de obras contemporâneas, em 1954 foi estudar direcção de orquestra para Munique e, depois, para Viena. Nestas cidades, recebeu lições de Mennerich, Lehmann e Swarowsky. Também se aperfeiçoou com Albert Wolff no curso que em 1956 este maestro regeu em Hilversum (Holanda), e, em 1957, tornou-se no primeiro português a receber o diploma de chefe de orquestra passado pela Academia de Viena. A partir de então, começou a dirigir orquestras em Portugal, na Alemanha e na Bélgica. Na qualidade de compositor, escreveu obra que se estende por vários géneros musicais, merecendo especial destaque o bailado Lusitânia, a Sonata e a Suite de Danças, para orquestra, um concerto para cordas, dois ciclos de poemas de Ricardo Reis e de Rainer Maria Rilke, para canto e orquestra, o Quinteto de Sopro, uma sonata, duas sonatinas e as Oito Peças Breves, para piano, e numerosas melodias para canto e piano sobre textos de Camões, Fernando Pessoa, Camilo Pessanha, Jean Moréas e Garcia Lorca. A Suite de Danças, bem como o Quinteto de Sopro e as duas sonatinas, têm a chancela de uma firma de edição musical alemã, e chegaram a ser incluídas no repertório sinfónico das Orquestras de Viena, do Tirol-Voralberg, de Stuttgart, de Frankfurt e de Hamburgo. A título de curiosidade refira-se que Filipe de Sousa Júnior deixou inéditos outros trabalhos artísticos, nomeadamente poesias, diálogos e uma peça teatral em 1 acto intitulada Águas Furtadas.

João de Freitas Branco (1922-1989)

Sócio-Fundador n.º 6

Estudou no Conservatório Nacional de Lisboa, com Evaristo de Campos Coelho, sobre cuja orientação concluiu o curso de Piano. Naquele estabelecimento de ensino frequentou ainda as classes de José Henriques dos Santos (Harmonia), de Luís de Freitas Branco (Composição) e de Jorge Croner de Vasconcelos (Canto e Contraponto), ao mesmo tempo que se licenciava em matemáticas superiores modernas na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. Depois de actuações a solo e em conjunto em recitais radiofónicos, passou a exercer o cargo de assistente de programas musicais na antiga Emissora Nacional, havendo colaborado aos microfones daquela estação como conferencista e autor de programas semanais como «Notas à Margem da Ópera» e «O Gosto pela Música», os quais se tornaram célebres, sobretudo o último, em forma de diálogos platónicos, pelo modo atraente e a capacidade demonstrada em captar a atenção do grande público. Crítico musical do jornal O Século, escreveu igualmente noutros jornais e revistas, a que se junta importante colaboração no Dicionário de Riemann. Para além de tradutor de obras francesas, americanas e alemãs sobre música e matemáticas, a sua produção literária, que permanece dispersa, inclui títulos como Viver ou Morrer (1957), libreto para uma ópera radiofónica de Joly Braga Santos, História da Música Portuguesa (1959), Alguns Aspectos da Música Portuguesa Contemporânea (1960), Chopin – Um Improviso em Forma de Diálogo (1962), Viana da Mota – Uma Contribuição para o Estudo da sua Personalidade e da sua Obra (1972) e Camões e a Música (1982). Entre as muitas funções que teve ocasião de desempenhar ao longo da sua vida merecem especial destaque as de presidente da Direcção da Juventude Musical Portuguesa (1948-73), de director do Teatro Nacional de São Carlos (1970-74), aonde voltou como administrador-director artístico e da produção (1985-88), de director-geral dos Assuntos Culturais (1974), de secretário de Estado da Cultura e Educação Permanente dos III, IV e V Governos Provisórios (1974-75) e de professor de Estética Musical e História da Música da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (1981-89).

Luís de Freitas Branco (1890-1955)

Sócio-Fundador n.º 7

Compositor, pedagogo e musicógrafo, recebeu de seu tio; João de Freitas-Branco (Funchal,1854-Lisboa,1911), os primeiros ensinamentos literários e musicais. Aluno de Tomás Borba, Augusto Machado, Desiré Pâque e Luigi Mancinelli, em Lisboa, onde também estudou piano com Timóteo da Silveira e violino com Andrés Goñi, aperfeiçoou-se posteriormente com Humperdinck em Berlim e com Gabriel Grovlez em Paris. Personalidade ecléctica, de nítido pendor estético modernista, concorreram na sua produção musical o modalismo (Aquela Moça…), o impressionismo (Paraísos Artificiais), e o atonalismo (Vathek), correntes a que foi aderindo sucessivamente depois de 1904, ano em que compôs a sua primeira obra. Além de criador, distinguiu-se como professor do Conservatório Nacional, cargo em que denotou uma atitude pedagógica em tudo mais voltada para a orientação de vocações do que para a imposição de rigorismos exclusivistas próprios das escolas do seu tempo. Entre os seus discípulos contam-se seu irmão Pedro, seu filho João, António Fragoso, Armando José Fernandes, Joly Braga Santos e Fernando Lopes Graça, a que se juntaram, na qualidade de seguidores, António Nuno Barreiros, Maria Helena de Freitas e José Atalaya. Autor com importante produção ensaística, escreveu, entre outros títulos, A Música em Portugal (1927), Vida de Beethoven (1943) e D. João IV, Músico (publicado postumamente), sem esquecer, no âmbito da pedagogia, Elementos de Ciências Musicais (1922), Acústica e História da Música (1930) e Tratado de Harmonia (1930), livros que durante largos anos fizeram parte da bibliografia adoptada nos cursos de música do Conservatório Nacional.

Pedro de Freitas Branco (1896-1963)

Sócio-Fundador n.º 8

Estudou particularmente solfejo com Tomás Borba, violino com Andrés Goñi e composição com seu irmão Luís. Estimulado por Bruno Walter, que conheceu em Londres apresentado por el-rei D. Manuel II, dedicou-se à direcção de orquestra, o que o levou a abandonar o curso de engenharia no Instituto Superior Técnico (IST). Depois da sua estreia como maestro em 1926, fundou em 1928 os Concertos Sinfónicos do Tivoli e, em 1932, a pedido de Maurice Ravel, deu em Paris, na Salle Pleyel, perante 3 000 pessoas, a estreia mundial do Concerto em Sol, com Marguerite Long ao piano, Daphnis et Chloé, Valsa e Rapsódia Espanhola, ombreando com o próprio compositor, que dirigiu o Concerto para a Mão Esquerda e o Bolero. Presidente da Orquestra Lamoureux, entre 1933 e 1937, actuou amiudadas vezes em França, à frente das Orquestras Colonne, Pasdeloup e da Radiodiffusion Française, e, em vários países europeus, regendo, entre outras, a Orquestra Residentie de Haia, a Orquestra do Concertgebouw e a Orquestra da BBC de Londres. Em 1935, então domiciliado em Paris, o ministro das Obras Públicas e Comunicações, eng.º Duarte Pacheco, seu antigo condiscípulo no IST, convidou-o para regressar a Portugal, dando-lhe por incumbência a organização e a direcção artística da Orquestra Sinfónica da Emissora Nacional, a primeira formação estável que, no género, foi criada entre nós, e cuja titularidade lhe pertenceu até ao fim da vida. Sob a sua batuta esta Orquestra, extinta em 1994, conheceu momentos ao nível das suas melhores congéneres europeias, tanto em concerto, como na ópera, havendo merecido rasgados elogios por parte de grandes maestros que nos visitaram nos decénios de 40, 50 e 60.

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